Nas últimas três décadas, a necessidade de uma abordagem integrada para gerir os recursos hídricos tem sido assunto de concertação em várias reuniões internacionais, e em todas realçou-se a importância da água para a sobrevivência humana, saúde e produtividade. Os dois Fóruns Mundiais mais recentes - a Cimeira do Milénio das Nações Unidas, realizada em Setembro de 2000; e a Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em Agosto de 2002 – reafirmaram a obrigatoriedade de a população ser o centro do desenvolvimento e utilização sustentável dos recursos hídricos. As resoluções, acordos e metas resultantes desses eventos destacaram, dentre outras questões, a importância da água na abordagem dos problemas da pobreza, e a importância de se considerar as questões de género em todos os aspectos ligados à gestão da água. No contexto africano, estes aspectos estão reflectidos nos objectivos da Política da Nova Parceria Africana para o Desenvolvimento e a Visão da África Austral para Água, Vida e o Ambiente no Século XXI.

A gestão integrada dos recursos hídricos não providencia de forma alguma solução completa para todos os níveis da pobreza. Todavia, nenhuma estratégia para erradicação da pobreza terá êxito, a menos que inclua em si estratégias de gestão de água. A provisão de serviços básicos de água e saneamento, é um elemento essencial da contribuição da água na erradicação da pobreza, dado que reflecte as questões inerentes à saúde e higiene, bem como as ligadas ao esforço necessário para busca de água e seu transporte a partir de fontes distantes, geralmente poluídas.

A Estratégia Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos é, deste modo, um documento que estabelece de forma sucinta a forma como serão abordados os desafios e constrangimentos na gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos de Moçambique, em conformidade com a Lei de Águas e a Política Nacional de Água.